Doutores transportam órgãos frescos para transplante num
hospital na província de Hunan, China, no dia 16 de agosto de 2012 (Sohu.com)
O vice-reitor de uma das mais importantes universidades de
medicina da China foi recentemente colocado sob investigação por sérias
violações à disciplina e à lei, um sinônimo para corrupção.
Essa foi uma de
várias ações feitas pelas autoridades anticorrupção que visam instituições
médicas que têm estado envolvidas no obscuro comércio ilegal de órgãos humanos.
Xiao Yuping era vice-reitor da Universidade Médica da China,
uma grande instituição de pesquisa médica na cidade de Shenyang, Província de
Liaoning.
O anúncio da sua queda foi feito no dia 12 de maio pela Comissão
Central de Inspeção da Disciplina, o órgão de controle interno do Partido.
Os detalhes das suas alegadas infrações não foram
publicados, e por isso não é claro se os hospitais que estão envolvidos no
tráfico de órgãos humanos estão sendo especificamente visados para
investigação. Xiao vem se unindo a um número crescente de administradores
seniores que estão sendo removidos de instituições que tiveram participação no
negócio sangrento, cuja atual liderança de Xi Jinping já se isentou
publicamente por algumas vias.
Cooperação dúbia
De acordo com a Organização Mundial para Investigar a
Perseguição ao Falun Gong (OMIPFG), que consiste em um grupo de pesquisa
sediado nos EUA, a Universidade Médica da China esteve envolvida com a colheita
de órgãos de prisioneiros de consciência do Falun Gong, inclusive durante o
período em que Xiao era chefe. Falun Gong é uma prática espiritual que tem sido
perseguida em seu país de origem desde 1999.
O uso de prisioneiros praticantes de Falun Gong como fonte
de órgãos é feito com o envolvimento dos tribunais.
– Chen Rongshan, diretor de Urologia do Hospital Militar 205
de Jinzhou
Um relatório da OMIPFG publicado no dia 7 de agosto de 2012,
mostra que a Universidade Médica da China cooperou com um projeto de
investigação sobre transplante de órgãos após injeção de drogas, liderada por
Wang Lijun, o então diretor da Agência de Segurança Pública da Cidade de
Jinzhou, província de Liaoning.
Existe uma forte suspeita de que o projeto usou
órgãos de prisioneiros, de acordo com a análise de OMIPFG, devido ao grande
número de testes conduzidos e à pouca disponibilidade de órgãos de não
prisioneiros na China.
Em 2012, Wang foi removido durante o expurgo do antigo
membro do Politburo Bo Xilai.
Ele foi acusado de abuso de poder, suborno e deserção, e
depois foi sentenciado a 15 anos na prisão.
Uma segunda indicação do envolvimento da Universidade Médica
da China em práticas ilegais e contra a ética vem de uma chamada telefônica
investigativa gravada secretamente pela OMIPFG, e publicada no dia 25 de maio
de 2012.
No telefonema, ouve-se o diretor de urologia do Hospital
Militar 205 de Jinzhou dizendo que a utilização dos praticantes de Falun Gong
detidos como fonte de órgãos é feita com o envolvimento dos tribunais.
Ele também disse que o Hospital Médico da China cooperava
com a sua instituição em alguns dos transplantes.
Pesquisa com os órgãos dos prisioneiros
Existem vários casos similares em que os chefes ou membros
das universidades de medicina que estiveram envolvidos no comércio de órgãos
foram derrubados.
No dia 3 de agosto do ano passad,o os investigadores do
Partido anunciaram que Wang Guanjun, presidente do Primeiro Hospital da
Universidade de Jilin, e também vice reitor da Universidade de Jilin, estava
sob investigação por séria violação da disciplina e da lei.
É sabido que o Primeiro Hospital da Universidade de Jilin é
um grande centro de transplante de órgãos.
De acordo com o Minghui, um website
de praticantes de Falun Gong que publica notícias em primeira mão sobre a
perseguição dos praticantes na China, o Primeiro Hospital realizou mais de 20
transplantes de órgãos em dois meses, desde abril até maio de 2006, com apenas
duas fontes de órgãos identificadas.
O resto das fontes eram de origem desconhecida, segundo o
relatório.
Desde julho até setembro de 2006, o hospital também realizou
sete ou oito transplantes de rins por dia, uma frequência muito maior do que
fontes voluntárias de órgãos permitiriam.
As autoridades chinesas as admitem
próprias que 90% dos transplantes de órgãos no país são realizados com órgãos
de prisioneiros executados, e dizem que estão trabalhando para reformar o
sistema.
“Baseado na informação que a OMIPFG recebeu, nós temos
muitas evidências que demonstram que a Universidade de Jilin e o seu Hospital
participaram fortemente na perseguição ao Falun Gong”, disse Wang Zhiyuan, o
porta-voz da OMIPFG, em uma entrevista telefônica com a estação de televisão
NTD, sediada em Nova York.
“Especialmente depois de Wang Guanjun ter servido como
Presidente, o Primeiro Hospital da Universidade de Jilin tornou-se suspeito de
ter estado severamente envolvido na colheita de órgãos de praticantes de Falun
Gong. Nós acreditamos que Wang Guanjun é responsável pela prática ilegal”,
acrescentou Wang Zhiyuan.
Outra queda de um administrador médico de um hospital
suspeito por realizar condutas ilícitos foi a de Hu Tiehui, antigo vice
presidente da Central South University, na cidade Changsha, província de Hunan,
que estava sendo investigado por corrupção em agosto do ano passado.
O Xiangya Second Hospital e a Hunan Medical Science
University, ambos nos quais Hu trabalhou, tornaram-se parte importante na
indústria de transplantes de órgãos na região de Changsha e arredores.
Chefes de hospitais são investigados
Além das universidades de medicina, oficiais de alto escalão
dos hospitais que estiveram envolvidos na colheita de órgãos foram também
derrubados.
A Procuradoria Suprema do Povo, por exemplo, no dia 27 de
abril anunciou o caso contra o antigo presidente do Primeiro Hospital Popular
da província de Yunnan, Wang Tianchao.
O anúncio disse que Wang abusou do seu poder e recebeu até
80 milhões de yuan (cerca de U$ 13 milhões) em subornos, e que possuía mais de
100 propriedades, 100 locais de estacionamento, entre outros bens.
Ainda não está claro se a investigação feita a Wang tem algo
a ver com o envolvimento hospitalar no negócio dos órgãos.
O Primeiro Hospital
Popular da província de Yunnan está listado como um dos principais centros de
transplante de fígado e pulmão na China, de acordo com o website da National
Health and Family Planning Comission.
Está também listado como um dos 26 hospitais em Yunnan que a
OMIPFG suspeita de estarem envolvidos na colheita de órgãos de prisioneiros
praticantes de Falun Gong.
Acredita-se que muitos hospitais e universidades de medicina
da China que foram analisados pelos investigadores do Partido recentemente
tenham participado no comércio de órgãos extraídos de prisioneiros de
consciência.
Outro hospital em Yunnan, o Terceiro Hospital Popular da
Província de Yunnan, está também listado pelo relatório da OMIPFG. O seu antigo
presidente, Yang Zhan, foi sentenciado a cinco anos de prisão em 2012 por
receber subornos, de acordo com agências de notícias estatais.
Médico que estagiou em hospital chinês fala de extração de órgãos de pessoas
Culpando a velha guarda
As investigações recentes a hospitais e colaboradores das
universidades médicas acontecem num clima de aparente rejeição oficial da
política de colheita de órgãos dos prisioneiros.
Esta mudança na política não foi codificada na lei, mas
Huang Jiefu, o chefe do aparato chinês de transplantes, disse que durante o seu
mandato não serão mais usados órgãos de prisioneiros, e atribuiu a culpa pela
política e consequentes abusos a Zhou Yongkang, o antigo chefe de segurança. Em
uma entrevista com a Phoenix Television, Huang apelidou estas práticas como
nojentas.
Separadamente, um cirurgião militar aposentado acusou Xu
Caihou, um antigo líder militar deposto, pela participação dos hospitais
militares na colheita de órgãos, e disse que algumas zonas começaram a realizar
a colheita com o doador vivo, o que significa que os órgãos foram removidos das
vítimas antes delas estarem mortas.
Nenhum oficial chinês reconheceu até agora que praticantes
de Falun Gong e outros prisioneiros de consciência, incluindo uigures
muçulmanos, estão entre aqueles que foram mortos pelos seus órgãos.
Fonte:
https://www.epochtimes.com.br/hospitais-chineses-investigados-corrupcao-envolvidos-comercio-ilegal-de-orgaos/#.VWNAQPnxp0U
https://www.epochtimes.com.br/hospitais-chineses-investigados-corrupcao-envolvidos-comercio-ilegal-de-orgaos/#.VWNAQPnxp0U