“Você não estava apaixonada — você estava presa a um narcisista”

Por: Sérgio, Psicólogo e especialista em relacionamentos abusivos.


Você jurava que era amor. Era um ciclo de abuso.

Durante um tempo, ele te fez sentir única.

 O homem mais carinhoso que você já conheceu. Atento, romântico, envolvente.

 Dizia que você era tudo o que ele procurava. Que finalmente tinha encontrado alguém "diferente".

 Mas, pouco a pouco, começou a sumir. Criticar. Comparar. Ignorar. Depois voltava, e dizia que era tudo culpa sua — ou do estresse, do trabalho, do mundo. E você acreditava. De novo.

Se você se reconhece nisso, respira fundo:

 isso não era paixão — era manipulação emocional, possivelmente por alguém com Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN).


TPN: o abuso emocional com cara de príncipe encantado.

O Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN) é uma condição psicológica caracterizada por:

falta de empatia,

necessidade extrema de admiração,

manipulação interpessoal,

senso inflado (ou profundamente inseguro) de importância.

O problema é que muitos narcisistas não parecem monstros à primeira vista.

 Pelo contrário: eles sabem ser sedutores, carismáticos, empáticos — no começo.

O que eles fazem se chama “love bombing”: uma explosão de afeto, atenção e promessas no início do relacionamento. Isso cria um vício emocional. Você se apega a um ideal que nunca mais volta a existir — mas do qual você sempre sentirá saudade.


Gaslighting: quando você começa a duvidar de si mesma.

Depois da fase da lua de mel, vem o ciclo: crítica, desprezo, silêncio, brigas.

 Você se sente cada vez mais insegura — mas ele diz que você está exagerando.

 Que "não foi bem assim".

 Que "você é muito sensível".

Esse padrão é chamado de gaslighting — uma técnica de abuso psicológico que faz a vítima duvidar da própria percepção da realidade.

 Resultado: você começa a pedir desculpa por coisas que nem fez.

 Você se anula.

 Você vira o que ele quiser — e ainda assim ele diz que não é suficiente.


Mas por que é tão difícil sair?

Porque o ciclo vicia.

 Porque às vezes ele volta a ser o cara do início.

 Porque ele diz que te ama.

 Porque você acha que, se mudar um pouco, tudo vai melhorar.

 E porque existe algo chamado “trauma bond” — um laço criado a partir de reforço intermitente (tipo cassino emocional: às vezes você ganha, na maioria perde, mas continua jogando).

Esse laço é químico e emocionalmente viciante. Por isso, sair de um relacionamento com alguém que tem TPN não é apenas uma decisão racional — é uma reconstrução emocional.


Não é sua culpa. Mas é sua responsabilidade.

Você não estava errada por amar.

 Você não foi burra, nem fraca.

 Você foi manipulada por alguém treinado em controlar — consciente ou não.

 Mas, agora que você sabe, existe algo mais importante: o que você vai fazer com isso?

Ficar esperando ele mudar é continuar apostando num jogo viciado.

 Sua cura começa quando você coloca raiva onde antes tinha culpa, e coragem onde antes havia silêncio.


Conclusão: “Ele me destruiu” não é o fim — é o começo de quem você vai ser sem ele

Relacionamentos abusivos com narcisistas deixam marcas profundas.

 Mas a maior cicatriz que eles deixam é a de fazer você duvidar de si mesma.

 E a sua maior vitória não é expor ele, nem fazer ele se arrepender.

 É voltar a confiar em você.

 É desaprender a se diminuir.

 É olhar pra trás e entender: aquilo não era amor. Era abuso com perfume de paixão.

Você merece algo real. E real, às vezes, começa com silêncio, choro, e recomeço.

 Mas nunca mais com medo.




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