Corria o ano de 1993, quando o repórter fotográfico de origem sul-africana, Kevin Carter, viajou a uma aldeia do Sudão e captou uma imagem que se converteu no rosto da fome na África
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Os pais do menor comentaram que Kong Nyong não caiu nas garras do abutre nem morreu de fome. De fato, na foto é possível ver que aquele bebê tinha uma pulseira de plástico com a inscrição T3 que era usada pela ONU nos lugares onde assistia e alimentava crianças desnutridas. Este fato desmente o mito de que o fotógrafo sul-africano teria abandonado o menor a própria sorte.
Por sua vez, o repórter gráfico sul-africano João Silva, que acompanhou Carter no Sudão, deu uma versão similar à de seus colegas espanhóis, durante uma entrevista com o escritor e jornalista Akio Fujiwara. Segundo Silva, ele e Carter viajaram com autoridades da ONU e aterrissaram na zona sul do Sudão em 11 de março de 1993. O pessoal das Nações Unidas disse que decolariam de novo em uns 30 minutos, de modo que perambularam pelo local para fazer algumas fotos.
Enquanto os homens da ONU distribuíam trigo para as mulheres do povoado que saíram de suas choças de madeira. Silva foi buscar guerrilheiros, enquanto Carter não se afastou mais que uns poucos metros do avião. Segundo Silva, Carter estava surpreso, pois era a primeira vez que via uma situação real de fome, motivo pelo qual captou fotos de crianças famintas enquanto seus pais estavam preocupados recolhendo a comida do avião, deixando por um momento de dar atenção a seus filhos. Esta era a situação do menino da foto feita por Carter. Um abutre posou logo atrás e para enquadrá-los, Carter se aproximou bem devagar para não assustar o abutre, e fez a foto de uma distância de uns 10 metros.
O suicídio
A vida de Kevin Carter sempre foi rodeada de altos e baixos. Testemunhas assinalam que antes de seu suicídio,já havia tentado tirar a vida em mais de uma oportunidade. Também assinalam que tinha problemas familiares e uma personalidade desordenada; que era depressivo e tinha uma vida caótica.
Sua morte ficou registrada em 27 de julho de 1994: Carter chegou ao rio de Braamfontein Spruit, próximo de uma área onde brincava quando era pequeno e se suicidou. Tinha 33 anos e em seu bilhete de suicídio podia ser lido o seguinte:
Sua morte ficou registrada em 27 de julho de 1994: Carter chegou ao rio de Braamfontein Spruit, próximo de uma área onde brincava quando era pequeno e se suicidou. Tinha 33 anos e em seu bilhete de suicídio podia ser lido o seguinte:
"Estou deprimido, sem telefone, sem dinheiro para o aluguel, sem dinheiro para a manutenção dos filhos, para as dívidas. Dinheiro! Estou atormentado pelas lembranças vividas dos assassinatos e dos cadáveres da ira e d dor... Das crianças feridas e que morrem de fome, dos loucos do gatilho leve, com frequência da polícia, dos assassinos e verdugos."
A fotografia de Carter acabou se tornando uma das primeiras tentativas de fazer com que o mundo virasse os olhos para o que acontecia na África e que infelizmente continua acontecendo. Fosse qual fosse a intenção de Carter, a fotografia teve e tem sua importância histórica.
Da mesma forma, como podemos ler em seu bilhete de despedida, Carter nunca disse que estava se suicidando por causa da morte do garoto do urubu, mas a mídia da época aproveitou o fato para dar uma conotação ainda mais dramática à sua morte. Agora, 18 anos depois, aparece alguém para desenterrar a história e colocar novas palavras na boca de Carter, será que desta vez vão deixar o cara finalmente descansar em paz?
Da mesma forma, como podemos ler em seu bilhete de despedida, Carter nunca disse que estava se suicidando por causa da morte do garoto do urubu, mas a mídia da época aproveitou o fato para dar uma conotação ainda mais dramática à sua morte. Agora, 18 anos depois, aparece alguém para desenterrar a história e colocar novas palavras na boca de Carter, será que desta vez vão deixar o cara finalmente descansar em paz?
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