A Australian Koala Foundation emitiu um comunicado apelando para as autoridades: só resta, na natureza, cerca de 1% da população original.
O coala é um dos símbolos nacionais da Austrália. Pesquisadores acreditam que os primeiros ancestrais desse mamífero datam de 45 milhões de anos — período em que a Austrália começou a se deslocar lentamente para o norte, separando-se gradualmente da massa terrestre antártica. Infelizmente, porém, esse mamífero pode já estar passando de símbolo… para relíquia.
Segundo um anúncio da Australian Koala Foundation (AKF), a principal organização dedicada a estudar e preservar esses mamíferos, os coalas selvagens já estão “funcionalmente extintos”.
Claro, estar “funcionalmente extinto” não é o mesmo que estar extinto, mas não significa que é algo menos preocupante. Uma população é definida assim geralmente quando dois fatores estão associados: a espécie não é mais viável, e também não tem mais um impacto significativo no seu ecossistema.
Vamos traduzir as duas coisas para o português claro. O primeiro fator é uma questão de reprodução. Hoje, existem poucos coalas, deixando poucos descendentes… E, na taxa atual, a população pode ficar pequena demais. Daqui a pouquíssimos anos, podem não existir coalas suficientes em idade reprodutiva para gerar uma próxima geração – o que levaria ao fim dos coalas selvagens
A segunda questão é um pouco mais complexa – e já está acontecendo hoje. Toda espécie no mundo interage com seu ecossistema. Se a população aumenta, por exemplo, ela come mais, e usa mais recursos do ambiente, e todo o ecossistema precisa se adaptar. O ambiente pressiona a espécie, a espécie pressiona o ambiente, e é assim que eles vão evoluindo juntos.
Os coalas têm uma relação bem próxima com o eucalipto – eles se alimentam quase que exclusivamente de folhas dessa árvore. É uma dieta que você, por exemplo, seria incapaz de reproduzir em casa: folhas de eucalipto são altamente tóxicas, e só os coalas tem um fígado capaz de processar esse veneno todo.
Bem, o ecossistema eucalipto-coala sempre foi totalmente interligado. A população de coala mudava, a de eucalipto mudava também, e vice e versa.
Aí é que está o problema: o coala já é, hoje, incapaz de alterar seu ambiente. O eucalipto hoje já se adaptou à vida sem esse “consumidor” – e as alterações nas populações de coalas já não tem mais efeito algum sobre seu habitat e sua fonte de alimentação. É um péssimo sinal – indica, na prática, o coala já “atua” no seu nicho ecológico como uma espécie extinta – ou seja, o ecossistema já está preparado para o seu desaparecimento total.